Este blog é organizado pelo Poeta Clécio Dias e tem o objetivo de preservar e divulgar a literatura de cordel da Capital da Sulanca.

3 de abril de 2010

CLÉCIO DIAS IMÓVEIS


CLÉCIO DIAS, CORRETOR DE IMÓVEIS
CRECI 7778


Agora o CLÉCIO DIAS, CORRETOR DE IMÓVEIS mais perto de você. No centro de Santa Cruz do Capibaribe. Vendo a necessidade dos santa-cruzenses e de todos aqueles que vem a esta cidade, CLÉCIO DIAS, CORRETOR DE IMÓVEIS se coloca à sua disposição e se você quiser alugar, administrar, vender, comprar, etc. o lugar certo é CLÉCIO DIAS, CORRETOR DE IMÓVEIS!

Visite-nos na Rua Raimundo Francelino Aragão, 292, ao lado do Banco do Brasil, no centro de Santa Cruz do Capibaribe.

e-mails:
cleciodiasimoveis@hotmail.com cleciodiasimoveis@yahoo.com.br

Telefones: (81) 9136-1005/9978-6550/3731-3904

6 de fevereiro de 2010

As águas do Rio Capibaribe


As águas do Rio Capibaribe
O Rio Capibaribe...
Começa a morrer ali...
Ô como eu sinto vergonha
De ser um filho daqui...
É Santa Cruz que começa
A matar o rio aqui...
São os esgotos jogados
Sempre pro lado de lá...
Foi através desse rio
Que Burgos veio pra cá...
Santa Cruz nasceu do rio...
Mas vejam como ele está...
Faz vergonha ver um rio
Ser tratado desse jeito...
Ninguém toma providência...
Nem promotor, nem prefeito...
O povo também não liga...
Isso é falta de respeito...
Santa Cruz não soube honrar
Nem pelo seu sobrenome...
Capibaribe das cheias...
Que acabava nossa fome
O rio virou canal
De rio só resta o “nome!”
Dá vontade de arrancar
Do nome desta cidade
O termo “Capibaribe”
Pois somente a vaidade
Guiou a terra onde eu moro...
Do rio só há saudade...
Quem adora Santa Cruz
Chora ao vê-lo poluído
Quer salvá-lo, mas não pode...
Escuta, estranho, um ruído:
Cada um de nós tem culpa...
Pelo rio ter morrido!
Clécio Dias.

1 de fevereiro de 2010

Páginas da Ditadura! É hora de abrir.


1964...
Nasce um inferno para os estudantes...
Os jornalistas foram perseguidos...
Poetas foram, à força, calados...
Grandes artistas foram exilados...
Nossos mais vivos foram enterrados...
Gritos de dor, de ódio, e gemidos.
*******
Foi um castelo branco enfurecido
Espalhar medo nos meninos “livres”
Décadas tristes que a memória guarda...
Um futebol e uma Jovem Guarda...
Taparam bocas, olhos e ouvidos...
Toda a América foi contaminada...
E a terra foi jogada em nossa cara...
*********
Lamarca, Marighela, (Che Guevara)*
Assassinados e seus assassinos
Estão na boa, entre uísques finos...
Dentro dos cargos de um país sem cara...
Cazuza já sabia! Mostra a cara...
Abre os arquivos, vamos ver quem é...
Os generais sem cara e sem piedade...
Polícias espalhadas na cidade...
Um Ato Institucional daquele costa...
Naquele triste ano 68...
Silêncio, morte, dor e esquecimento....
**************
Pra que vibrar a taça de uma copa
Se a gente perdeu tantos lutadores?
Pra que fazer de heróis os jogadores
Se aqueles que lutaram foram mortos...
E enterrados no solo sem grama
Do campo do país dos idiotas...
*************
Abre o arquivo, abre, mostra a cara...
Daqueles que fizeram nosso inferno...
Pra que calar a boca por um terno...
Há tanta gente que quer ver um filho,
Um irmão, um pai, um andarilho...
Que foram torturados e jogados...
No chão dos campos do país que é penta...
Uma revolta mata e arrebenta
Os corações dos filhos e dos pais...
Pra que querer esconder generais,
Torturadores, mentirosos e mais...
**************
Abre os arquivos mostra a cara deles
Diz onde estão os corpos dos meninos...
Mostra ao país como mataram tantos...
É hora de abrir a página podre!
*************
Autor: Clécio Dias.

30 de janeiro de 2010

As gameleiras




Os galhos das gameleiras
Guardam conversas das feiras...
Guardam nossas costureiras...
Guardam um tom da Novo século
Há 110 anos atrás...
O tronco antigo e roliço
Guarda o suspiro de Burgos
A voz de padre Zuzinha...
De seu Raimundo Aragão
O grito de liberdade
Quando Santa Cruz um dia
Se transformou em cidade...
Essas gameleiras verdes...
Silenciosas e santas
São nossas plantas sublimes
São guardiãs da história
Da Capital da Sulanca
Às vezes debaixo delas
Ouço o barulho das máquinas...
Sinto o suor das mulheres
Caindo sobre as cobertas
Dos retalhos e nas feiras...
Oh! Que lindas gameleiras...
Quem fará algo por elas?
Uma delas está morta...
No meio da avenida...
Ela guardou tanta vida...
Com ela morreu a história...
De muitos santa-cruzenses...
Um dia debaixo dela
Nasceu um amor tão bonito...
Um suspiro de saudade
Entre um silêncio ou um grito...
Nossa história mais bonita
Está ali: debaixo delas...
Cadê mesmo o poder público?
O que vai fazer por elas?
Como eu queria saber
Quem pela primeira vez...
Sentou-se na sombra delas...
Quem plantou e quem aguou...
Quem sempre zelou por elas...
Nossa história mais remota
Cochila nos galhos delas
Cadê mesmo Santa Cruz???
O que vai fazer por elas???
Autor: Clécio Dias
Santa Cruz do Capibaribe, 07 de janeiro de 2010.

Soube ontem à noite. A princípio, vagamente. Eram comentários na rua onde moro. Porém, minutos depois, a confirmação, a casa dele estava cheia de pessoas, não havia mais a possibilidade de não ser verdade: Artur havia falecido. Baixei a cabeça e meditei por alguns instantes. Meu amigo e vizinho há muitos anos. Não sei nem dizer à data que o conheci. Faz tempo. Éramos crianças. Eu resido aqui, na Rua Castro Alves; ele, logo após, na Rua José de Alencar. Lá da Escola Dr. Adilson Bezerra fizemos o 2º grau. Eu concluí em 2002 e ele em 2003. Tive a honra de ser seu amigo. Jamais vou me esquecer de novembro de 2004 quando eu não ia fazer o vestibular da UEPB e ele veio em minha casa me convencer a ir. Eu passei e dei os primeiros passos para alcançar o curso de Direito onde estou até hoje.
Assisti à luta que ele travou a vida inteira na conscientização da importância da participação dos jovens no poder como o meio mais eficaz para se alcançar a justiça e a igualdade. Na UESCC, ao lado de outros colegas, é indescritível a participação dele naquela entidade. Ele me convidava sempre a participar, cheguei, timidamente, a participar por alguns dias, mas não fui tão empenhado como ele era. Quando fundamos o Grêmio da Escola Dr. Adilson Bezerra, em 2001, lá estava ele participando ativamente conosco do pleito. Em 2002 se tornava ele um dos membros da diretoria do referido grêmio. Sempre na liderança. Era líder nato, naturalmente estava à frente dos movimentos de que participava.
Quando ingressou na faculdade continuou com sua garra e nunca deixou de liderar, inclusive, os movimentos universitários. Quem o conheceu sabe disso. Desde os primeiros tempos que o conheci era ele esse líder, esse forte, esse grande. Simples, sem orgulho, sem preconceitos, altamente educado, adorava estudar e ascender intelectualmente. Quem o conheceu jamais vai se esquecer da persistência que ele trazia em sua personalidade. Meu amigo de tantas lutas, meu vizinho da vila da Cohab, meu colega de classe, de grêmio, de faculdade, de vestibular... O último sorriso dele ainda soa e reflete nas pessoas que próximo dele estiveram e sempre vão estar. Os movimentos estudantis em Santa Cruz do Capibaribe sempre terão um vazio – um lugar que Artur soube tão bem preencher.
Todo o exemplo de coragem e força se manifestou ainda mais quando sobreveio a doença. A dor de cabeça leve do início; pensava-se ser o cansaço, a preocupação; depois, um pouco mais forte, poderia ser problemas na visão. Em seguida, a descoberta: a doença dolorosa e cruel, mas isso não o fez desistir. Ele enfrentou a enfermidade minuto a minuto. Mesmo diante da dura realidade, ele soube nos passar esperança e tranquilidade. Sem medo. Sempre mantendo a calma e a esperança inacreditável. Uma verdadeira lição de vida. Um verdadeiro exemplo de quem nunca se esquivou diante das adversidades da vida. Sempre será uma lição de vida na memória de todos que conheceram sua história. Em sua breve vida, mas tão intensa viveu!
Por Clécio Dias