Este blog é organizado pelo Poeta Clécio Dias e tem o objetivo de preservar e divulgar a literatura de cordel da Capital da Sulanca.

6 de fevereiro de 2010

As águas do Rio Capibaribe


As águas do Rio Capibaribe
O Rio Capibaribe...
Começa a morrer ali...
Ô como eu sinto vergonha
De ser um filho daqui...
É Santa Cruz que começa
A matar o rio aqui...
São os esgotos jogados
Sempre pro lado de lá...
Foi através desse rio
Que Burgos veio pra cá...
Santa Cruz nasceu do rio...
Mas vejam como ele está...
Faz vergonha ver um rio
Ser tratado desse jeito...
Ninguém toma providência...
Nem promotor, nem prefeito...
O povo também não liga...
Isso é falta de respeito...
Santa Cruz não soube honrar
Nem pelo seu sobrenome...
Capibaribe das cheias...
Que acabava nossa fome
O rio virou canal
De rio só resta o “nome!”
Dá vontade de arrancar
Do nome desta cidade
O termo “Capibaribe”
Pois somente a vaidade
Guiou a terra onde eu moro...
Do rio só há saudade...
Quem adora Santa Cruz
Chora ao vê-lo poluído
Quer salvá-lo, mas não pode...
Escuta, estranho, um ruído:
Cada um de nós tem culpa...
Pelo rio ter morrido!
Clécio Dias.

1 de fevereiro de 2010

Páginas da Ditadura! É hora de abrir.


1964...
Nasce um inferno para os estudantes...
Os jornalistas foram perseguidos...
Poetas foram, à força, calados...
Grandes artistas foram exilados...
Nossos mais vivos foram enterrados...
Gritos de dor, de ódio, e gemidos.
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Foi um castelo branco enfurecido
Espalhar medo nos meninos “livres”
Décadas tristes que a memória guarda...
Um futebol e uma Jovem Guarda...
Taparam bocas, olhos e ouvidos...
Toda a América foi contaminada...
E a terra foi jogada em nossa cara...
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Lamarca, Marighela, (Che Guevara)*
Assassinados e seus assassinos
Estão na boa, entre uísques finos...
Dentro dos cargos de um país sem cara...
Cazuza já sabia! Mostra a cara...
Abre os arquivos, vamos ver quem é...
Os generais sem cara e sem piedade...
Polícias espalhadas na cidade...
Um Ato Institucional daquele costa...
Naquele triste ano 68...
Silêncio, morte, dor e esquecimento....
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Pra que vibrar a taça de uma copa
Se a gente perdeu tantos lutadores?
Pra que fazer de heróis os jogadores
Se aqueles que lutaram foram mortos...
E enterrados no solo sem grama
Do campo do país dos idiotas...
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Abre o arquivo, abre, mostra a cara...
Daqueles que fizeram nosso inferno...
Pra que calar a boca por um terno...
Há tanta gente que quer ver um filho,
Um irmão, um pai, um andarilho...
Que foram torturados e jogados...
No chão dos campos do país que é penta...
Uma revolta mata e arrebenta
Os corações dos filhos e dos pais...
Pra que querer esconder generais,
Torturadores, mentirosos e mais...
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Abre os arquivos mostra a cara deles
Diz onde estão os corpos dos meninos...
Mostra ao país como mataram tantos...
É hora de abrir a página podre!
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Autor: Clécio Dias.