Este blog é organizado pelo Poeta Clécio Dias e tem o objetivo de preservar e divulgar a literatura de cordel da Capital da Sulanca.

16 de janeiro de 2011

Poeta Clécio Dias

Clécio Gonçalves Dias nasceu em Santa Cruz do Capibaribe em 1981, na Rua Sebastião Bastos, bairro São Cristóvão. Filho do poeta repentista Amaro Dias e da doméstica Cleonice Gonçalves Dias. Desde pequeno Clécio acompanhava o pai nas cantorias e no programa Violeiros do Vale, criado por seu pai e mantido até os dias atuais, na Rádio Vale do Capibaribe.
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Em sua infância grande foi seu contato com repentistas como Heleno Severino, José Bonifácio, José Luiz, Zé Vicente da Paraíba etc. todos que cantavam com seu pai Amaro Dias.
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Embora em Santa Cruz do Capibaribe a poesia nordestina não seja tão valorizada Clécio Dias nunca deixou de escrever poemas e cordéis. Incentivado pelos colegas do curso de Letras da Universidade Estadual da Paraíba e pelos moradores da COHAB e patrocinado por pequenos comerciantes do bairro foi publicado o cordel "O jogo da COHAB com o time do Inferno" em 2006.
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Na UEPB, fez uma apresentação sobre a arte da cantoria para os professores e alunos da universidade. No mesmo ano, fundou junto aos colegas do cursos de Letras e Filosofia da UEPB, como Flaudemir Sávio, Érica Tavares, Paula Sabrina, entre outros, o Poetai Novi, um fanzine de divulgação dos poemas dos alunos da mencionada instituição. Ultimamente, recita poemas em eventos escolares, folclóricos, nas fazendas etc. é um apologista da cultura nordestina e se dedica à literatura de cordel, sendo autor de vários títulos, ainda carentes de publicação.
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Atualmente é estudante do 5º ano do curso de Direito da Faculdade do Vale do Ipojuca - Favip, Caruaru. É corretor de imóveis em Santa Cruz do Capibaribe, tendo seu escritório sito à Rua Raimundo Francelino Aragão, 292, no centro desta mesma cidade.
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Poemas de destaque de Clécio Dias: O bingo de Genival, A história de Santa Cruz do Capibarbe em versos, Eu e o silêncio, Meu umbuzeiro, Os passarinhos, A bela a tarde e o poeta, A briga do taboquinha com o boca preta etc

Poeta Amaro Dias

Amaro Paulo Dias nasceu em 21 de setembro de 1934, no sítio Paquivira, município de Taquaritinga do Norte, estado de Pernambuco. Filho do casal de agricultores Joaquim Dias de Miranda e Severina Maria da Conceição. Residiu na Paquivira até os vinte anos de idade, mas em virtude das dificuldades de arranjar trabalho naquela época viajou para São Paulo em busca de sobrevivência, onde permaneceu até os vinte e oito anos de idade. Casou-se em 1965 com a brejeira Cleonice Gonçalves com quem vive até hoje. Desse casamento nasceram sete filhos: Claudenice (professora), Cloves (Tody, ex vereador), Carlos, Claudio, Claudemir, Clécio Dias (também poeta) e Cleber.
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Em São Paulo, iniciou sua carreira de violeiro-repentista. mas o sentimento de saudade da terra natal aflorou e ele voltou à Taquaritinga do Norte. Em 1963 fez parte do programa "A Voz do Sertão" na Rádio Difusora de Caruaru ao lado José Vicente da Paraíba e Aristo José dos Santos, ambos falecidos. Em 1968 foi morar em Campina Grande onde substituiu, por um bom período, o repentista José Gonçalves (já falecido). Nessa época, Amaro Dias fez dupla com Cícero Bernardes, já falecido. Nesse mesmo ano, foi residir em Pesqueira onde apresentou, ao lado de José Vicente da Paraíba e o cantador José Andorinha, um programa de cantoria.
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Em Belo Jardim, na Rádio Difusora Bituri, apresentou outro programa de violeiros ao lado de Manuel Pedro Clemente (poeta cego) e Manoel Paulino. Anos depois, se mudou para Santa Cruz do Capibaribe e criou o Programa Violeiros do Vale, na Rádio Vale do Capibaribe, programa que entrou no ar no mesmo dia em que a própria rádio (29 de dezembro de 1985). Neste programa, cantaram com ele José Bonifácio, José Luiz, Heleno Severino, Francisco de Assis, Roberto Queiroz, Louro Branco, Francisco de Assis, Zé Vicente da Paraíba, Paulo Jorge e Moreira do Caldeirão, entre outros., no entanto também cantou com Ivanildo Vila Nova, Oliveira de Panelas, João Furiba, Manoel Basílio, Raimundo João, Laranjinha, entre tantos outros.
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Em Pesqueira, participou de um programa na TV Pernambuco representando a cidade. Participou dos primeiros congressos de violeiros realizados em Campina Grande, tendo, inclusive, um de seus versos publicados num livreto sobre cantoria escrito por Bráulio Tavares, quando cantou com Manuel Pedro Clemente num congresso de violeiros em 1975. Em 2008 fez uma bela apresentação na Rede Globo de Televisão cantando as belezas e o abandono do Rio Capibaribe, tendo sido entrevistado pelo famoso jornalista Francisco José.
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Dentre os poemas que escreveu destacam-se: A morte de Zé Jorge, em parceria com Zé Vicente da paraíba, Teu aniversário, A morte de Heleno Severino, A mãe desapareceida, entre outros.
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No entanto, sua marca foi sempre os versos improvisados, com os quais se destacou em cantorias e congressos.
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A seguir, faz-se necessário trancrever alguns dos muitos versos improvisados pelo poeta Amaro Dias pelo Nordeste afora.
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Ceta vez, na ocasião, cantava com Zé Vicente da Paraíba num bar de um cidadão chamado Pinta-Cega, quando de repente chegou um funcionário da Cande (fábrica de Campina Grande) na Praça da Bandeira. Vale lembrar que a nota de cinco cruzeiros, na época, tinha a imagem de Tiradentes e os cantadores ficaram desejosos pela contribuição do funcionário da Cande. Zé Vicente terminou um verso da seguinte maneira:
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Vamos ver quanto se ganha
Daquele rapaz da Cande.
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Amaro Dias completou:
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Deus queira que ele nos mande
A nota de Tiradentes
Aquele que sofreu tanto
Perante os inconfidentes
E morreu sem o direito
De vê-los independentes.
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Em outra ocasião, cantava com o poeta Sebastião Cordeiro, este findou uma estrofe da maneira seguinte:
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Eu sou um grande poeta
Meu verso lindo se expande...
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O poeta Amaro Dias pegou a deixa e disse:
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Pra mim uma dupla grande:
Zé Goncalves, Patativa...
Você morre e nunca passa...
De um plantador de maniva
E é desses preguiçosos...
Planta pouco e não cultiva.
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Em outra época, cantava com o poeta Roberto Queiroz, no sítio Porteiras, município de Caraúbas, Paraíba, quando o vereador "Madruga" pediu que os repentistas cantassem o seguinte mote:
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Prefiro viver distante
Do povo civilizado!
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Amaro Dias agitou os expectadores com esta linda estrofe:
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Cada um fique na sua
Deixe eu viver do que planto
Que eu não vou morar num canto
Que uma jovem quase nua...
Dança no meio da rua
Mostrando o bum-bum pelado
E o pai fica de lado
Achando aquilo importante
Prefiro viver distante
Do povo civilizado!
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O poeta Galego Aboiador se recorda de um verso improvisado por Amaro Dias numa cantoria com o grande poeta João Furiba, este assim fidou suas rimas:
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Das coisas boas da vida
Eu inda sou o melhor...
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Amaro Dias respondeu:
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Furiba tu és pior
Que rural velha de rede
Mulher que chifra o marido
Gozo de pé-de-parede
Quarenta dias de fome
E cinquenta dias de sede.
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Aqui é apenas uma mostra dos muitos improvisos deste ótimo e conhecido poeta, em breve publicaremos mais.

15 de janeiro de 2011

Poeta Heleno Severino

Heleno Severino da Silva nasceu em 04 de fevereiro de 1948. Filho de José Severino da Silva (in memoria) e de Josefa Benícia da Silva. Casou-se com Maria de Lourdes da Silva (in memoria) e tiveram os seguintes filhos: Helenilson, Liosvaldo, Lisonaldo, Ernando, Elinando e Helenilda.
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Quando começou a improvisar os primeiros versos já se percebia sua grande habilidade como cantador. Era muito bom ouvir Heleno Severino na Rádio Vale do Capibaribe, onde fez dupla com o poeta Amaro Dias. Cantou também com Zé Bonifácio, Zé Luiz, Louro Branco, Ivanildo Vila Nova, Valdir Teles, entre outros..
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Ficou muito conhecido pelas lindas canções que cantava, pois era um cantador de uma voz invejável. Participou de inúmeros congressos de repentistas, percorrendo o país inteiro e divulgando o nome de sua terra natal.
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Começou a cantar com 20 ano de idade, sendo muito valorizado como repentista e cancioneiro. Conquistou importantes prêmios nos festivais que concorreu e se destacou pelos programas que apresentou nas rádios Liberdade, Cultura e Jornal do Comércio, além das muitas apresentações na televisão.
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A última vez que se apresentou na TV foi ao lado do poeta Ivanildo Vila Nova na Tv Cultura em 2002. Foi Heleno um dos primeiros a organizar congressos de repentistas em Santa Cruz do Capibaribe.
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Faleceu vítima de uma parada cardíaca em 08 de fevereiro de 2003. Foi sepultado no Cemitério são Judas Tadeu na mesma cidade que nasceu onde recebeu homenagens de poetas e da multidão que acompanhou o cortejo.
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Sua poesia é cantada e difundida por poetas e admiradores da arte do repente, por isso nunca se apagou.
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Num Congresso de Violeiros, certa vez, quando o tema da cantoria era o poeta Pinto do Monteiro, Heleno Severino fez esse belo verso:
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Pinto Velho do Monteiro
Está cansado e sem tom
Garganta faltando voz
Viola faltando som
Nem toca, nem canta mais
Nem morre, nem fica bom!

Poeta José Luiz

José Luiz do Nascimento nasceu no dia 07 de outubro de 1935, no Sítio Pulga, município de São José da Lage, estado das Alagoas. Filho de Luiz Gonzaga do Nascimento e Santina Maria de Jesus. Quando fez dois meses veio residir no sítio Vila do Socorro, que na época era conhecida por Picadas, no munícipio de Taquaritinga do Norte, Pernambuco. É o caçula dentre os filhos do casal Luiz e Santina.
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Quando tinha quatro anos de idade voltou a residir em São José da Lage. Aos oito anos de idade voltou a morar em Vila do Socorro, época em que começou a ler os primeiros cordéis em meio as feiras livres, com o grande incentivo do poeta José Laurência de Sena (in memorian). Nesse mesmo anos começou a frequentar a escola de uma professora chamada Ilda de Sabino Alves, onde aprendeu as primeiras letras que foram decisivas para o seu contato com a literatura de cordel.
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Aos dezessete anos de idade foi intensa sua vida pelas feiras livres nas cidades das Vertentes, Surubim, Brejo da Madre de Deus, Jataúba, Taquaritinga, Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe, Bezerros entre tantas. Casou-se com Gercina Maria de Jesus quando tinha 20 anos com quem vive até os dias de hoje. Assim que se casou foi residir no sítio Cunhambuca, município de Joaquim Nabuco na Zona da Mata Pernambuco.
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Tempos depois, foi residir no sítio Serra da Onça, município de Frei Miguelinho, terra natal de sua esposa. É pai de dois filhos, José Carlos, hoje com 39 anos de idade, sendo que a filha faleceu tragicamente com 19 anos, deixando uma filha que é criada pelo casal José Luiz e Gercina. Com 25 anos de idade ingressou na profissão de repentista ao lado do poeta Beija-Flor e José Soares. Anos depois cantou com os poetas José Bonifácio, Amaro Dias, o saudoso Heleno Severino, Laranjinha, entre muitos que fizeram dupla com ele.
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Residiu em Toritama, Gravatá, Caruaru, Palmares, Belo jardim, Pesqueira e reside hoje em Santa Cruz do Capibaribe, provando quão grande sua história no mundo do repente. Apresentou vários programas nas rádios Bituri de Belo Jardim, Difusora de Pesqueira, Radios Vale AM e FM, Cominidade FM etc. Há 17 anos é evangélico, mas mantém o mesmo estilo de cantoria cantando pelas igrejas evangélicas em várias cidades. Hoje em dia, reside na vila da COHAB, onde está há 29 anos.
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É autor do poema “A morte do Padre Zuzinha”, “A morte do vaqueiro Adauto Napoleão”, “A morte do cavalo Canabrava”, “A morte do vaqueiro Zé de Fiinho” etc. como evangélico, já gravou e publicou três CDs com canções e poemas evangélicas.
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Cantando com Heleno Severino "se decrescendo" em Santa Cruz do Capibaribe, o saudoso poeta Heleno Severino terminou uma estrofe dizendo:
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Estou igualmente um cego
Sem enxergar o caminho!
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José Luiz pegando a deixa, disse:
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Estou igual um bacurinho
Preso dentro de um chiqueiro
O comer que a dona bota
É folha de marmeleiro
Esperando que ele engorde
Pra lhe passar no dinheiro.
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Em outra oportunidade, cantava com o poeta Amaro Dias, quando este terninou uma estrofe da seguinte forma:
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Hoje em dia minha vida
Tem sido de sofrimento...
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Zé Luiz emendou:
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Estou igual um jumento
Debaixo de uma cangalha
Quando o seu dono é malvado
O dia todo trabalha
E quandochega de noite
Lhe nega um feixe de palha.
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De outra feita, cantando com Laranjinha, este terminou a estrofe dizendo:
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Tô igual um maloqueiro
Sem ter no bolso uma prata....
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José Luiz, completou:
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Estou igual uma gata
Na frente de um cachorro
Ela correndo e miando
Como quem pede socorro
Se ela falasse dizia
Me acuda senão eu morro!

14 de janeiro de 2011

Poeta Zé Bonifácio


Bonifácio Antônio de Lima (conhecido por Zé Bonifácio) nasceu em 13 de maio de 1939, em Pão de Açúcar, distrito de Taquaritinga do Norte-PE. Anos depois, mudou-se para Afogados da Ingazeira-PE (Sertão do Pajeú), onde teve contato com grandes repentistas como Pinto do Monteiro, Jó Patriota, os irmãos Batista, Zé Pequeno, entre outros. mas, em sua lida como repentista, também cantou com João Furiba, Ivanildo Vila Nova, Zé Faustino Vila Nova, Amaro Dias, a exemplo de outros.
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É cantador profissional desde 1963, quando fez sua primeira cantoria com Antônio Gouveia (já falecido), assim como cantou durante 05 anos na rádio Difusora de Maceió. Em programas de violeiros grandes foram suas experiências, valendo destacar terem sido ele e o poeta Amaro Dias que fundaram o Programa Violeiros do Vale, na Rádio Vale do Capibaribe, em 1985.
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Participou de inúmeros festivais de violeiros, sendo importante citar os realizados em Arapiraca, Maceió e União dos Palmares. Em 1980, gravou um LP de cantoria (disco de vinil) com o repentista João Bernardo.
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Atualmente reside em Santa Cruz do Capibaribe onde é comerciante do ramo de sulanca.
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Certa vez, cantando com o poeta Zé Barbosa em Jaboatão, já no final da cantoria, teria que vir para o Pajeú sob pena de perder a condução. Estava muito apressado para terminar. Nesse momento, Zé Barbosa findou uma estrofe dizendo:
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Já vem o clarão do dia
A festa está terminada...
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José Bonifácio emendou:
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Terminou-se a farinhada
Já paguei a minha conga
Agora vou viajar
Na viação araponga
Pois daqui pro Pajeú
a viagem é muito longa!

A lua pareceu você!

Um dia quando a gente discutiu...
Você me disse que não me queria...
Que em pouco tempo me esqueceria...
Que não me suportava e desistiu...
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Eu vim pra casa, quase ninguém viu...
Que eu disfarçava o que me acontecia...
Eu preferia me enganar, mas via...
Você dizendo adeus quando saiu...
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Fiquei pensando no que você disse...
No início pareceu tanta tolice...
Mas vi seus olhos expulsando os meus...
******
Impaciente eu quis voltar à rua...
Olhei pela janela e vi que a lua...
Parecia você dizendo adeus!!!
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Clécio Dias

13 de janeiro de 2011

SEM FUGIR DOS SONHOS

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Helenice,
Você tinha seu mundo, eu tinha o meu...
você tinha uma vida, eu também tinha....
Sua angústia era amarga como a minha...
Meu segredo era triste como o seu...
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Mas um dia você me apareceu
E quando eu percebi que você vinha...
Nosso olhar se encontrou de tardezinha...
Eu lhe entendi e você me entendeu...
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E, agora, dando passos no seu mundo...
Num sentimento muito mais profundo...
Vejo o seu mundo e o meu mais sorrisonhos...
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Vivo de amor e morro de saudade...
Vivo você como a realidade...
Mas sem deixá-la fugir dos meus sonhos!!!
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Clécio Dias, poeta-santa-cruzense.

Poeta Amaro Dias

Amaro Paulo Dias nasceu em 21 de setembro de 1934, no sítio Paquivira, município de Taquaritinga do Norte, estado de Pernambuco. Filho de Joaquim Dias de Miranda e Severina Maria da Conceição. Residiu na Paquivira até os vinte anos de idade, mas em virtude das dificuldades de arranjar trabalho naquela época viajou para São Paulo em busca de sobrevivência, onde permaneceu até os vinte e oito anos de idade. Casou-se em 1965 com a brejeira Cleonice Gonçalves com quem vive até hoje. Desse casamento nasceram sete filhos: Claudenice (professora), Cloves (Tody, ex vereador), Carlos, Claudio, Claudemir, Clécio Dias (também poeta) e Cleber.
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Em São paulo iniciou sua carreira de violeiro repentista. Sentindo saudade de Pernambuco, voltou a Taquaritinga do Norte. Em 1963 fez parte do programa "A Voz do Sertão" na Rádio Difusora de Caruaru ao lado José Vicente da Paraíba e Aristo José dos Santos, ambos falecidos. Em 1968 foi morar em Campina Grande onde substituiu, por um bom período, o repentista José Gonçalves (já falecido) até o ano de 1970. Nessa época, Amaro Dias fez dupla com Cícero Bernardes, já falecido. Nesse mesmo ano, foi residir em Pesqueira onde apresentou, ao lado de José Vicente da Paraíba e o cantador José Andorinha, um programa de cantoria.
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Em Belo Jardim, na Rádio Difusora Bituri, apresentou outro programa de violeiros ao lado de Manuel Pedro Clemente e Manoel Paulino. Anos depois, se mudou para Santa Cruz do Capibaribe e é o criador do Programa Violeiros do Vale, da Rádio Vale do Capibaribe, programa que entrou no ar no mesmo dia em que a própria Rádio (29 de dezembro de 1985). Neste programa, cantaram com ele José Bonifácio, José Luiz, Heleno Severino, Francisco de Assis, Roberto Queiroz, Paulo Jorge e Moreira do Caldeirão, entre outros.
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Em Pesqueira, participou de um programa na TV Pernambuco representando a cidade. Participou dos primeiros congressos de violeiros realizados em Campina Grande, além de muitos outros. Em 2008 fez uma bela apresentação na Rede Globo de Televisão cantando as belezas e o abandono do Rio Capibaribe, tendo sido entrevistado por Francisco José.
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Dentre os poemas que escreveu destacam-se: A morte de Zé Jorge, em parceria com Zé Vicente da paraíba, Teu aniversário, A morte de Heleno Severino, A mãe desapareceida, entre outros.
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No entanto, sua marca foi sempre os versos improvisados, com os quais se destacou em cantorias e congressos.
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Cantando com José Vicente, num bar de um cidadão chamado Pinta-Cega, de repente chegou um funcionário da Cande (fábrica de Campina Grande) na Praça da Bandeira. Vale lembrar que a nota de cinco cruzeiros, na época, tinha a imagem de Tiradentes e os cantadores ficaram desejosos pela contribuição desse visitante. Zé Vicente terminou um verso da seguinte maneira:
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Vamos ver quanto se ganha
Daquele rapaz da Cande.
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Amaro Dias completou:
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Deus queira que ele nos mande
A nota de Tiradentes
Aquele que sofreu tanto
Perante os inconfidentes
E morreu sem o direito
De vê-los independentes.

11 de janeiro de 2011

Poeta Clécio Dias

Clécio Gonçalves Dias nasceu em Santa Cruz do Capibaribe em 1981, na Rua Sebastião Bastos, bairro São Cristóvão. Filho do poeta repentista Amaro Dias e da doméstica Cleonice Gonçalves Dias. Desde pequeno Clécio acompanhava o pai nas cantorias e no programa Violeiros do Vale, criado por seu pai e mantido até os dias atuais, na Rádio Vale do Capibaribe.
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Em sua infância grande foi seu contato com repentistas como Heleno Severino, José Bonifácio, José Luiz, Zé Vicente da Paraíba etc. todos que cantavam com seu pai Amaro Dias.
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Embora em Santa Cruz do Capibaribe a poesia nordestina não seja tão valorizada Clécio Dias nunca deixou de escrever poemas e cordéis. Incentivado pelos colegas do curso de Letras da Universidade Estadual da Paraíba e pelos moradores da COHAB e patrocinado por pequenos comerciantes do bairro foi publicado o cordel "O jogo da COHAB com o time do Inferno" em 2006.
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Na UEPB fez uma apresentação sobre a arte da cantoria para os professores e alunos da universidade. No mesmo ano, fundou junto aos colegas do cursos de Letras e Filosofia da UEPB, como Flauu Mendes, Érica, Sara, entre outros, o Poetai Novi, um livreto de divulgação dos poemas dos alunos da mencionada instituição. Ultimamente, recita poemas em eventos escolares, folclóricos, nas fazendas etc. é um apologista da cultura nordestina e se dedica à literatura de cordel, sendo autor de vários títulos, ainda carentes de publicação.
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Atualmente é estudante do 5º ano do curso de Direito da Faculdade do Vale do Ipojuca - Favip, Caruaru. É corretor de imóveis em Santa Cruz do Capibaribe, tendo seu escritório sito à Rua Raimundo Francelino Aragão, 292, no centro desta mesma cidade.
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Poemas de destaque de Clécio Dias: O bingo de Genival, A história de Santa Cruz do Capibarbe em versos, Eu e o silêncio, Meu umbuzeiro, Os passarinhos, A bela a tarde e o poeta, A briga do taboquinha com o boca preta etc.

10 de janeiro de 2011

Poeta Rogaciano Leite


Rogaciano Leite nasceu em 30 de junho de 1920, no sítio Cacimba Nova, município de Itapetim, mas antes este pertencia à cidade de São José do Egito, no Sertão do Pajeú, em Pernambuco. Filho de um casal de agricultores, Rogaciano desde cedo demonstrava sua vocação poética, pois aos 15 anos de idade desafiou o poeta repentista Amaro Bernadino.
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Viajou para o Rio grande do Norte onde conheceu Manuel Bandeira. Tempos depois, viajou para Caruaru, onde apresentava um programa de rádio. em Fortaleza se tornou bancário.
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Em 1968 viajou pela Europa, inclusive na Rússia deixou um monumento na praça de Moscou do poema "Os Trabalhadores".
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Dentre seus poemas se destacam "Acorda Castro Alves", Carne e Alma, etc.
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Morreu em 1969 com apenas 49 anos de idade, no Hospital Souza Aguiar, no Rio de janeiro, vítima de enfarto do miocárdio, foi enterrado em Fortaleza.
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Foi, sem dúvidas, um dos maiores poetas do Brasil e um dos maiores exemplos da grandeza do poesia nordestina.
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Certa vez, cantando com outro ótimo poeta, Lourival Batista - Louro do Pajeú - este ao ouvir do poeta Rogaciano as lamentações e críticas à cidade natal de ambos, Louro encerrou uma estrofe de improviso dizendo:
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Filho que fala da mãe
Morrendo o diabo carrega
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No mesmo instante Rogaciano emendou:
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De fato, caro colega,
sua razão não se some
o diabo carrega o filho
que da mãe manchar o nome
mas também carrega a mãe
que mata o filho de fome!