Este blog é organizado pelo Poeta Clécio Dias e tem o objetivo de preservar e divulgar a literatura de cordel da Capital da Sulanca.

20 de dezembro de 2008

Aguinaldo Xavier diz NÃO à Manipulação de Um Poder

O histórico da nossa Câmara Municipal nos últimos dez anos tem sido motivo de vergonha tendo em vista a importância do Poder Legislativo na preservação da moral e do respeito à população. Em matéria por mim escrita há dias, narrei alguns fatos que interferiram decisivamente na escolha do Presidente da Câmara e alteraram drástica e negativamente a votação dos projetos apresentados na casa em comento. Nesse sentido, as invasões do Poder Executivo articulando sobre a maioria e a minoria de vereadores, inclusive alterando a escolha soberana do povo, tornaram-se constantes, principalmente quando a eleição da Presidência da Câmara se aproxima.
Esperava-se que acontecesse de novo nos últimos dias, mas a história desta vez não se repetiu. É claro que, todas as possibilidades foram estudadas. Quem vem? Como vêm? Será que vêm? Ora, a alternativa seria que os vereadores atuais alterassem decisivamente na forma de eleição para Presidente da Câmara futura, ou seja, o projeto que garantiria a reeleição para o vereador Fernando Aragão iria ser aprovado agora, antes da posse dos dez eleitos e, diante disso, haveria uma mudança considerável na eleição interna da Câmara que se adaptaria aos caprichos do Poder Executivo. Tamanha invasão e tamanha agressão à escolha do povo. Ora, o Executivo Municipal ainda não se deu conta de que a Câmara representa um Poder autônomo, independente, supremo em suas decisões e, embora tenha sofrido muitas interferências nos últimos dez anos, a função da Câmara não é nem nunca foi ser objeto do Poder Executivo ou de qualquer outro poder constituído, mas ser representante legítimo do povo.
Ter a Presidência da Câmara a seu inteiro dispor era o maior interesse dos que ocupam e ocuparão a chefia do Poder Executivo. Isto é, a cultura de que a Câmara de Santa Cruz é esse órgão que renuncia à sua autonomia e se adapta facilmente aos anseios do chefe do Executivo ainda está em voga e a prova foi esse sutil projeto que nada mais era do que uma forma de “programar” o cargo de Presidente da Câmara por mais quatro anos para um vereador pré-determinado impedindo a participação da Oposição de forma muito mais forte nos dois últimos anos da gestão com a provável eleição de Francisquinho. Como se o Poder Legislativo tivesse de ser mudado, alterado e adaptado ao Poder Executivo que, como vem acontecendo, por todos esses anos vem “participando” nos bastidores e conseguindo seus “objetivos”.
Ao votar contra o tal projeto o vereador Agnaldo respaldou uma maior autonomia à Câmara de Vereadores. O ilustre edil preservou a oportunidade de a Oposição ter seu espaço merecido à frente daquela casa com o vereador Francisquinho e evitou que as pessoas mais conscientes, aquelas que sabem o que o Poder Legislativo significa para uma gestão pública de verdade, não morressem de vergonha de novo como em vezes anteriores em que os cidadãos assistiram a comédias ridículas que mancharam a verdadeira face do que representa um Poder Legislativo. Apesar de muitos questionarem o voto de Agnaldo como sendo por problemas pessoais com o atual prefeito, não cabe a nós questioná-lo, pois se realmente foi isso a mola propulsora do voto de Agnaldo pode ter sido manobra de Deus para que a maioria da população fosse atendida e o Poder Legislativo ganhasse forças para fiscalizar os milhões que entram e saem da prefeitura mensalmente.
De tudo o mais importante: a esperança de que o Poder Legislativo de Santa Cruz do Capibaribe alcance o respaldo perdido em conseqüência dos eventos de última hora que mudaram a escolha do povo por várias vezes e fizeram muitos pensar que uma Câmara de Vereadores é um instrumento nas mãos do chefe do Executivo. Para muitos, os vereadores devem ser empregados e subordinados ao prefeito, aos secretários, às empreiteiras, etc. mas isso é a maior imbecilidade que pode existir. Agnaldo Xavier não “obedeceu” ao prefeito ou a quem quer que seja, mas votou independente e de forma clara, expressando sua vontade desde os primeiros momentos que os comentários do projeto correram pela cidade. Pode ser até que alguém se sentiu derrotado nessa história, talvez um homem que nunca aceita perder tenha se descontentado, mas venceu o Poder Legislativo, inclusive os vereadores que votaram a favor do projeto pensem que perderam, mas se enganam. Eles não sabem que a “honra” do Poder Legislativo é o reflexo de suas próprias honras. Por fim, o espaço que a oposição venha a ganhar nos dois últimos anos da próxima gestão, com Francisquinho ocupando o cargo de presidente da Casa Jose Vieira de Araújo, será uma prova cabal de exercício da Democracia e não importa se um ou dois homens do poder vão perder o que importa é que toda a população vai ganhar, inclusive muitas pessoas que pensam que perderam.

Clécio Dias
Poeta, Corretor de Imóveis e Estudante de Direito.

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