Este blog é organizado pelo Poeta Clécio Dias e tem o objetivo de preservar e divulgar a literatura de cordel da Capital da Sulanca.

7 de fevereiro de 2011

O Jogo da Cohab com o Inferno

Em julho de 2003 eu tive uma linda inspiração numa certa noite. Acordei e escrevi este cordel a quem dei o título O Jogo da Cohab com o Inferno. Em 2006, na UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) meus colegas do curso de Letras me incentivaram e foi publicado o cordel que expressa a cultura da vila da Cohab onde moro há 17 anos.
Você vai adorar o cordel, pois é uma interessante comédia. Boa leitura!


O Jogo da Cohab com o Inferno
                              Autor: Clécio Dias


Minha vila da COHAB
Ama muito o futebol
Joga no muro e na rua
Joga na chuva e no sol.

Enfrenta qualquer parada
Nunca foge da dispta
Jogam na bola e no braço
Faz da partida uma luta.

Os jogadores se esforçam
Brigam no campo com raça
Cacete é quando o troféu
É o litro de cachaça!

Na disputa do litrão
O tapa-ôi faz zoada...
O cotovelo vadeia
Perna de gente é quebrada.

Juiz apanha no campo
Bandeirinha sai de maca
Ponta-pé, murro, cacete,
Dedo-na-venta, facada...

Que esse time é bom de bola
Isso todo mundo sabe
E diziam que só o cão
É que dava na COHAB

Por isso se cogitou
Um jogo de cabo a rabo
Onde a COHAB jogasse
Com o tme do diabo...

Seu Belo, Naldo e Indhó
Certo dia viajaram
O destino era o inferno
E logo assim que chegaram

Encontraram Satanás
Seu Belo perguntou posso?
Viemos tratar um jogo
Do seu time com o nosso.

Satanás todo espantado
Prontamente perguntou:
Vamos apostar o quê?
Se Belo lhe respostou
Trinta caixas de pitú
Você topa camarada?
Santanás disse: Se Belo,
Não temos medo de nada...

Diga quando é esse jogo
Que vamos com mais de cem
Naldo gritou sem demora
Vai ser sábado que vem

Era um sábado bonito
Uma linda tarde de sol
Tudo estava preparado
Pro jogo de futebol...

A torcida da COHAB
Vibrava com o duelo
Mas notei que ela sentia
Muita falta de Marcelo

Esse foi pra outros campos
Onde a vida é diferente
Mas mesmo assim lá de cima
Ele é torcedor da gente

A COHAB estava pronta
Foi feita a escalação
Os goleiros Lucimário
E Cícero Pimentão

Os zagueiros: Nego César,
Dedezão, Maú, Dozinha,
Júnior, Osmar, Massapê,
Papa Laigata e Quiquinha.

Na frente: Marrom, Virino,
Macarrão, Marlos, Dudu,
Seco, Marcos Chinelinha,
Cristian e Pitibu...

Cleiton, Edinho de Apolônio,
Desfilaram com o terno
Minutos depois saiu
A escalação do Inferno.

O goleiro era o Demônio,
O outro Galocha Preta
Judas, Zé Veneno, o Cão,
O Diabo e o Capeta...

Mais a frente Lampião,
Carniceiro, Barrabás,
Caim que matou Abel,
Besta Fera, Satanás...

Até a Febre do Rato
Também viera jogar
Nero que incendiou Roma
Dizia vamos ganhar

O trio de arbitragem
Vavá, Traíra e Amigão...
Iam começar o jogo
Mas houve uma confusão

Era Vela e Doriana
Que vendem cachorro-quente
Brigavam por um local
Que ficasse mais na frente

Vela disse: meu amigo
Vo-vo-você tá errado...
A-a-qui cheguei primeiro
Não saio nem amarrado...

Doriana inda se armou
Mas Seu Naé interveio
Deilton e Edson Gordão
Também entraram no meio...

Vavá lambeu o bigode
Logo depois apitou
Duca disse: até que enfim
Esse jogo começou

No campo era uma batalha
Quando Barrabás correu
Satanás pediu na ponta
Pegou abola e bateu

Um chute assim parecido
Um furacão de inverno
Lucimário inda foi nela
Porem foi gol do inferno

Tristeza pra todo lado
Pelota cambaleou
Correu pro Bar de Zabé
E a todo mundo contou
A COHAB está perdendo
Depois disse sem demora
Trinta caixas de pitú
Também estão indo embora

Tudo o quanto foi de bebo
Que estava naquele bar
Correu pra assistir o jogo
Gritando tem que ganhar

Daquela casa de apoio
Que é de Natelson Catanha
Os bebos também vierm
Em gritos de ganha ou ganha

Uma legião de bebo
Arrodeou o gramado
Uns oitenta biriteiros
Contei meio atrapalhado

Isso sem contar Baixinho
Que é irmão de Doriana
Ficou com água na boca
Ao ver as caixas de cana.

Marão bebo dava pulos
Uma pressão da desgraça
Dizendo o diabo mexeu
Com a turma da cachaça

Lucimário machucou-se
Entrou ciço Pimentão
Acharam ser necesária
Outra modificação

Era uma espécie de muro
Pra anular qualquer passe
Botaram quatro zagueiros
Pra derrubar quem passasse

Dedezão, césar, Dozinha
E Maú que ainda explica
O cabra pode passar
Mas a perna dele fica

Nisso a COHAB atacou
De Virino pra Quiquinha
Marlos deu de calcanhar
Para Marcos Chinelinha
Marquinhos dribou o Cão
Viu o Demônio adiantado
Deu por cima e fez o gol
Pela COHAB esperado

A equipe do Inferno
Achou ruim este gol
Besta Fera inconformado
A todo mundo insultou

Isso irritou Macarrão
Vanderlei e Seu Naé
Capeta cantou pra briga
Ivanildo Batoré

Nil partiu pra cima dele
Mas Apolônio chegou
Segurou Nil pelo braço
Besta Fera recuou

Vavá deu continuidade
A partida pegou fogo
Faltavam só dois minutos
Para terminar o jogo

Quando a COHAB atacava
Num chute a bola sobrou
Pegou na venta de Edinho
Bateu na trave e entrou

Dois a um para a COHAB
Assim saiu o placar
Lá no quinto dos internos
O inferno foi jogar
E viu que aqui da COHAB
Ninguém consegue ganhar.

Santa Cruz do Capibaribe, 12 de julho de 2003.

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