Este blog é organizado pelo Poeta Clécio Dias e tem o objetivo de preservar e divulgar a literatura de cordel da Capital da Sulanca.

6 de fevereiro de 2010

As águas do Rio Capibaribe


As águas do Rio Capibaribe
O Rio Capibaribe...
Começa a morrer ali...
Ô como eu sinto vergonha
De ser um filho daqui...
É Santa Cruz que começa
A matar o rio aqui...
São os esgotos jogados
Sempre pro lado de lá...
Foi através desse rio
Que Burgos veio pra cá...
Santa Cruz nasceu do rio...
Mas vejam como ele está...
Faz vergonha ver um rio
Ser tratado desse jeito...
Ninguém toma providência...
Nem promotor, nem prefeito...
O povo também não liga...
Isso é falta de respeito...
Santa Cruz não soube honrar
Nem pelo seu sobrenome...
Capibaribe das cheias...
Que acabava nossa fome
O rio virou canal
De rio só resta o “nome!”
Dá vontade de arrancar
Do nome desta cidade
O termo “Capibaribe”
Pois somente a vaidade
Guiou a terra onde eu moro...
Do rio só há saudade...
Quem adora Santa Cruz
Chora ao vê-lo poluído
Quer salvá-lo, mas não pode...
Escuta, estranho, um ruído:
Cada um de nós tem culpa...
Pelo rio ter morrido!
Clécio Dias.

1 de fevereiro de 2010

Páginas da Ditadura! É hora de abrir.


1964...
Nasce um inferno para os estudantes...
Os jornalistas foram perseguidos...
Poetas foram, à força, calados...
Grandes artistas foram exilados...
Nossos mais vivos foram enterrados...
Gritos de dor, de ódio, e gemidos.
*******
Foi um castelo branco enfurecido
Espalhar medo nos meninos “livres”
Décadas tristes que a memória guarda...
Um futebol e uma Jovem Guarda...
Taparam bocas, olhos e ouvidos...
Toda a América foi contaminada...
E a terra foi jogada em nossa cara...
*********
Lamarca, Marighela, (Che Guevara)*
Assassinados e seus assassinos
Estão na boa, entre uísques finos...
Dentro dos cargos de um país sem cara...
Cazuza já sabia! Mostra a cara...
Abre os arquivos, vamos ver quem é...
Os generais sem cara e sem piedade...
Polícias espalhadas na cidade...
Um Ato Institucional daquele costa...
Naquele triste ano 68...
Silêncio, morte, dor e esquecimento....
**************
Pra que vibrar a taça de uma copa
Se a gente perdeu tantos lutadores?
Pra que fazer de heróis os jogadores
Se aqueles que lutaram foram mortos...
E enterrados no solo sem grama
Do campo do país dos idiotas...
*************
Abre o arquivo, abre, mostra a cara...
Daqueles que fizeram nosso inferno...
Pra que calar a boca por um terno...
Há tanta gente que quer ver um filho,
Um irmão, um pai, um andarilho...
Que foram torturados e jogados...
No chão dos campos do país que é penta...
Uma revolta mata e arrebenta
Os corações dos filhos e dos pais...
Pra que querer esconder generais,
Torturadores, mentirosos e mais...
**************
Abre os arquivos mostra a cara deles
Diz onde estão os corpos dos meninos...
Mostra ao país como mataram tantos...
É hora de abrir a página podre!
*************
Autor: Clécio Dias.

30 de janeiro de 2010

As gameleiras




Os galhos das gameleiras
Guardam conversas das feiras...
Guardam nossas costureiras...
Guardam um tom da Novo século
Há 110 anos atrás...
O tronco antigo e roliço
Guarda o suspiro de Burgos
A voz de padre Zuzinha...
De seu Raimundo Aragão
O grito de liberdade
Quando Santa Cruz um dia
Se transformou em cidade...
Essas gameleiras verdes...
Silenciosas e santas
São nossas plantas sublimes
São guardiãs da história
Da Capital da Sulanca
Às vezes debaixo delas
Ouço o barulho das máquinas...
Sinto o suor das mulheres
Caindo sobre as cobertas
Dos retalhos e nas feiras...
Oh! Que lindas gameleiras...
Quem fará algo por elas?
Uma delas está morta...
No meio da avenida...
Ela guardou tanta vida...
Com ela morreu a história...
De muitos santa-cruzenses...
Um dia debaixo dela
Nasceu um amor tão bonito...
Um suspiro de saudade
Entre um silêncio ou um grito...
Nossa história mais bonita
Está ali: debaixo delas...
Cadê mesmo o poder público?
O que vai fazer por elas?
Como eu queria saber
Quem pela primeira vez...
Sentou-se na sombra delas...
Quem plantou e quem aguou...
Quem sempre zelou por elas...
Nossa história mais remota
Cochila nos galhos delas
Cadê mesmo Santa Cruz???
O que vai fazer por elas???
Autor: Clécio Dias
Santa Cruz do Capibaribe, 07 de janeiro de 2010.

Soube ontem à noite. A princípio, vagamente. Eram comentários na rua onde moro. Porém, minutos depois, a confirmação, a casa dele estava cheia de pessoas, não havia mais a possibilidade de não ser verdade: Artur havia falecido. Baixei a cabeça e meditei por alguns instantes. Meu amigo e vizinho há muitos anos. Não sei nem dizer à data que o conheci. Faz tempo. Éramos crianças. Eu resido aqui, na Rua Castro Alves; ele, logo após, na Rua José de Alencar. Lá da Escola Dr. Adilson Bezerra fizemos o 2º grau. Eu concluí em 2002 e ele em 2003. Tive a honra de ser seu amigo. Jamais vou me esquecer de novembro de 2004 quando eu não ia fazer o vestibular da UEPB e ele veio em minha casa me convencer a ir. Eu passei e dei os primeiros passos para alcançar o curso de Direito onde estou até hoje.
Assisti à luta que ele travou a vida inteira na conscientização da importância da participação dos jovens no poder como o meio mais eficaz para se alcançar a justiça e a igualdade. Na UESCC, ao lado de outros colegas, é indescritível a participação dele naquela entidade. Ele me convidava sempre a participar, cheguei, timidamente, a participar por alguns dias, mas não fui tão empenhado como ele era. Quando fundamos o Grêmio da Escola Dr. Adilson Bezerra, em 2001, lá estava ele participando ativamente conosco do pleito. Em 2002 se tornava ele um dos membros da diretoria do referido grêmio. Sempre na liderança. Era líder nato, naturalmente estava à frente dos movimentos de que participava.
Quando ingressou na faculdade continuou com sua garra e nunca deixou de liderar, inclusive, os movimentos universitários. Quem o conheceu sabe disso. Desde os primeiros tempos que o conheci era ele esse líder, esse forte, esse grande. Simples, sem orgulho, sem preconceitos, altamente educado, adorava estudar e ascender intelectualmente. Quem o conheceu jamais vai se esquecer da persistência que ele trazia em sua personalidade. Meu amigo de tantas lutas, meu vizinho da vila da Cohab, meu colega de classe, de grêmio, de faculdade, de vestibular... O último sorriso dele ainda soa e reflete nas pessoas que próximo dele estiveram e sempre vão estar. Os movimentos estudantis em Santa Cruz do Capibaribe sempre terão um vazio – um lugar que Artur soube tão bem preencher.
Todo o exemplo de coragem e força se manifestou ainda mais quando sobreveio a doença. A dor de cabeça leve do início; pensava-se ser o cansaço, a preocupação; depois, um pouco mais forte, poderia ser problemas na visão. Em seguida, a descoberta: a doença dolorosa e cruel, mas isso não o fez desistir. Ele enfrentou a enfermidade minuto a minuto. Mesmo diante da dura realidade, ele soube nos passar esperança e tranquilidade. Sem medo. Sempre mantendo a calma e a esperança inacreditável. Uma verdadeira lição de vida. Um verdadeiro exemplo de quem nunca se esquivou diante das adversidades da vida. Sempre será uma lição de vida na memória de todos que conheceram sua história. Em sua breve vida, mas tão intensa viveu!
Por Clécio Dias

28 de agosto de 2009

As máquinas e as mulheres...

Santa Cruz cresceu assim...
Foi assim que aconteceu...
As mãos das mulheres máquinas
A gente nunca esqueceu...

Das maquininhas de pé...
Hoje são industruais
Mas as mulheres são mais...
Santa-cruzenses que eu amo.

Todo dia da mulher...
Um presente, um cheiro, um beijo...
Porém elas têm desejo.
De ser mais valorizadas...
E muito mais respeitadas...
Todos os dias do ano...

E as santa-cruzenses belas...
São mais fortes, são mais elas...
E são simplesmente aquelas
Que fizeram Santa Cruz...
Ser esta que conhecemos...

Às vezes nos esquecemos...
Mas Santa Cruz é demais...
E essas mulhers são mais
Muito mais do que pensamos...

Quero viver essa paz
Dessas mulheres guerreiras...
Pelas máquinas, pelas feiras...
Pois elas são Santaq Cruz...
São a feira da sulanca...

Parabéns santa-cruzenses...
vocês foram decisivas...
Pra que Santa Cruz crescesse...

Isto é apenas um modo
De mostrar que todo dia
Vocês são nossa alegria...
Vocês são mesmo esse plus
E fazem de Santa Cruz
A Capital da Sulanca...

Clécio Dias

20 de agosto de 2009

A canção santacruzense do momento...

Tá, tá, tá...
taratatatatatá!!!
Bum!
Buuuuuraco....

Sinal vermelho, sei lá...
Será que é verde???
Quem sabe...

Daqui lá para a COHAB...
De carro é taratatá!!!
de moto é pá, pá, pá, pá...
A pé, sai logo do meio...
Lá vem carro ou não tem freio...
Meu Deus tenho que frear...

O diabo pode parar...
Mas quem doido arrisca ou morre...
Se o hospital não socorre!!!
Quem febre vai inventar...

Pá, pá, pá, pá, párapapá...
Canta pneu, cada terra...
Buraqueira, berra, berra...
Olha outro buraco lá...
Tem outro buraco cá...
Lá na frente tem buraco...

Puxa-freio, puxa-saco...
Tem outro buraco lá...
Cá, cá, caracaracacá...
Não tem suspensão que aguente...

Duvido o cabra cantar:

"Por isso eu corro demais...
Corro demais, corro demais..."

Roberto Carlos não fez
Essa música em Santa Cruz...

Se fosse seria:

Por isso eu paro de demais...
Caio demais, me lasco demais...

Martinho da Vila viu e por isso assi cantou:


"É devagar, é devagar, é devagar...
é devagar, devagarinho..."

A Santa é essa canção...
Não precisa violão...
Bateria é mesmo o chão...
Deixe eu tocar num teclado...
Num caminho esburacado...
Parece até uma banda...

Porém quem manda não anda...
Ou se anda, anda escondido...

Tô passeando no carro...
A caneta já caiu...
A minha vista não viu
Um buraco desgraçado...

Me lasquei até de moto...
Que porra valeu meu voto???
Me perdoem a expressão...
Já tô vendo um buracão...
Que porra veleu meu voto...

Bu-bu-bu-bu-bu-ra-ra-co...
Já não consigo escrever!!!

Clécio Dias

16 de agosto de 2009

O pastor e as ovelhas, isto é, os burros...

Revelações na mídia demonstraram
como o povo é inocente...
A fé excessiva e irracional cega,
aleija, abestalha, enlouquece...
e adoece quem se entrega e chora...

deixa uma pessoa capaz de ser tão idiota...
a ponto de pegar tudo que tem...
e entregar a um "deus" humano e rico.
Um "deus" dono de uma das bocas
que falam e que embrigam todo mundo...

há deuses diferentes nesse mundo...
e o mundo não se encontra acreditando...
"é de"(?), é de (?), e de, é de dinheiro...
que os deuses dessa terra se aproveitam.

milagres que só servem pra fazer...
a injustiça se reprojetar...
e aqueles que deviam ser espelhos...
são os exemplos de muita safadeza...

e o povo, o povo corre feito louco
pra dentro das igrejas desses "lobos"...
eu sei que as ovelhas não estão...
nas garras desses lobos venerados!

é de(?), é de(?), é de(?), é de inocência...
que o lobo ganha tudo dos mais burros...
é de(?), é de(?), é de(?)... lasca esse povo...
que não tem consciência.

há muitos desses lobos é de(?) lodos...
nas religiões isso é tão cumum...
um pastor enrolão, um padre podre...
e o povo se enrola e se apodrece...

igrejas é de(?) muito um palco podre...
que acoberta muita covardia...
e não é diferente da política...
das empresas que exploram...
da polícia que agride a alma humana
e esquecida!!!

a casa desses lobos não frequento...
melhor ficar em casa e abrir a mente
e buscar DEUS no meu silêncio!!!

Clécio Dias. Poeta, Corretor de Imóveis e Estudante de Direito!

12 de agosto de 2009

Palavras nossas

Palavras minhas
que já não são suas
apenas são palavras
que se perdem...

nossas, tão nossas
hoje não são mais...
a gente se perdeu
entre palavras
palavras sem sentido
como as nossas...

e minha vida
não tem sentido...
suas palavras
não tem mais sentido
tenho sentido
que não sinto as frases
que revelavam
nosso coração!

Clécio Dias, poeta santa-cruzense

21 de junho de 2009

Eleições a cada dois anos

Eleições a cada dois anos:
O incentivo ao voto fanático e doente.
O medo do SILÊNCIO do povo!


Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário montam o esqueleto político do nosso país. Montesquieu não poderia ter sido mais brilhante. No entanto, para os que pensam que nesse sistema mora a verdadeira justiça somente temos que lamentar. Pois é, todo esquema político montado vem recheado de interesses e formas de dominação e neste, tão consagrado pelos recantos do mundo, não poderia ser diferente.
Apesar disso, toda a legitimação desse sistema, principalmente no Estado Democrático de Direito (o nosso), se vale da afirmação de que todo o poder emana do povo. De fato, o “povo” vota, embora de forma errada e longe da racionalidade, mas vota. Isto é, realmente, quem faz as leis é o Poder Legislativo, quem as aplica, o Poder Judiciário. E é sobre esses dois poderes que hoje me proponho a escrever, não isentando de culpa o Poder Executivo, é claro, que tal qual os outros dois pratica e contribui para que tudo continue assim, ou até piore. A princípio, lembrar de que as leis contidas nos Códigos foram obras de juristas e ratificadas pelos legisladores: senadores e deputados eleitos por “nós” é essencial para que se entenda! A forma como foram eleitos pode-se até se questionar, mas que o voto saiu do povo, não há como negar. É óbvio que nem todo mundo votou nos candidatos que foram eleitos, mas temos que engolir todo dia: “eu tô aqui porque o povo quer”!
A cada dois anos, a ladainha começa: Vamos continuar! Vamos mudar! Em muitos casos, continua ruim mesmo, em outros, piora; na maioria nem melhora nem piora, continua pior mesmo. O mais interessante é que começam as críticas dos que votaram para mudar ou dos que votaram para continuar... e as críticas se estendem, se fundamentam e se elevam, mas ninguém faz nada. É mesmo assim: só fica na boca todo o sentimento de revolta. Até quando a Justiça se omite e não condena um político que fraudou o dinheiro público as críticas se elevam e o mesmo povo que elegeu o político desonesto é o mesmo povo que pede sua condenação e tece as mais duras criticas à Justiça (da terra, é claro). Por influência dos altos postos do escalão a Justiça não pune e o povo se revolta. No entanto, chegam as eleições e o mesmo político, motivo de revolta do povo, se candidata e... pura ironia: o povo o presenteia e o elege com milhões de votos. Quer contradição maior? O mesmo povo que pediu a condenação na Justiça é o mesmo que absolve e presenteia nas urnas; que ama e idolatra nos comícios...
Eis o perigo! O Presidente, o Governador, o Prefeito, o Deputado, o Senador, o Vereador estão ali porque elegemos e “confiamos” neles para que nos representassem; o Ministro, o Desembargador e o Juiz estão ali para aplicar as leis feitas e aprovadas por quem enchemos de voto. Quer maior amarra? Ora, tudo saiu do dia do voto: do voto inconsciente, do voto fanático, do voto doente... embalado pelos gritos e pelas cores, pelos carros de som e das melodias alegres e penosas... (todo poder emana do povo). E agora? Já passaram as eleições: é hora de culpar, mas culpar quem? A nós mesmos? Ou procurar a quem culpar? Ah! A Justiça. Isso. Não votamos em seus membros. Ah! Não vamos culpar o prefeito, o governador??? Ah! Mas eu gosto deles: os coitadinhos, são tão bonzinhdos – vestem as cores que eu gosto. Pura decepção misturada com o sentimento de burrice e idiotice queima a mente dos que votaram e que agora sofrem as consequências...
Ficamos sem saber se o povo é burro, inocente, falso ou doente. Pode até ser as quatro coisas, mas isso somente se revela na época da eleição, pois parece-me que as críticas ao longo dos mandatos se estendem até às proximidades dos comícios e dá-nos a impressão de que a revolta vai sair da boca e entrar nas urnas, estas enquanto fechadas, nossa esperança, depois de abertas nossa decepção. Para os eleitos o prazer de encher a boca e dizer: “eu tô aqui porque o povo e Deus me botaram” até Deus, assim como a gente, é colocado como causador da própria miséria da gente. No fim, (todo o poder emana do povo), por isso o povo tem que votar. A lei até ameaça punir os que não votarem, mas nunca puniu. Não é o medo de ser punido que faz com que o povo vá às urnas, mas a zoada, a doença, o fanatismo, a crença cega, a ignorância, a inocência, as esmolas, os esquemas, os favorecimentos... Nunca o povo ousou agir, mas somente aceitar. Não acredita em nenhum, mas insiste em eleger sempre um deles. Se o povo não fosse votar, todo o sistema político estaria desprovido da legitimação: se todo o poder emana do povo que poder existiria se o povo não votasse? Eis o maior medo dos governos: o silêncio do povo! Baudrilard, filósofo francês, já dizia. Portanto, o povo que nunca teve coragem de agir por conta própria também nunca teve coragem de se omitir por conta própria. Nunca teve coragem de gritar para seu próprio bem, também nunca teve coragem de silenciar quando isso, pelo menos, lhe daria o direito de não ser cupaldo pela sua própria infelicidade...

Clécio Gonçalves Dias, cidadadão de Santa Cruz do Capibaribe - PE

25 de dezembro de 2008

E Agora Afrânio???

Um dos homens que mais se destacou em nosso cenário político como representante de um dos maiores sonhos das mentes mais esclarecidas de Santa Cruz do Capibaribe: lutar por um partido que não estivesse “ligado” aos dois grandes grupos políticos de nossa cidade! Isto mesmo, desde a fundação da UESCC (União dos Estudantes de Santa Cruz do Capibaribe), em 1989, o Professor Afrânio Marques, figura inseparável da organização estudantil em nosso município, juntamente com outros militantes, impulsionaram o que seria uma nova visão política e se levantaram contra a “idéia”, enraizada na cultura do povo desta cidade, de que o poder municipal deveria sempre estar ou nas mãos de um lado ou nas mãos do outro. Ou seja, foi ele um dos primeiros a semear a idéia de mudança política na cultura da Capital da Sulanca.A luta começou mais precisamente em 1996 quando o PT lançou um candidato a prefeito e pela primeira na nossa história tivemos três candidatos concorrendo à chapa majoritária. Nesse tempo, Professor Afrânio pleiteava o cargo de vereança obtendo inexpressiva votação em relação aos eleitos, mas uma votação impressionante em vista da posição em que estava: fora das duas alas populares. Isto é, desligado dos grupos ainda hoje, tratados sob uma visão arcaica e ultrapassada, sendo “ridicularmente” chamados de taboquinha e boca preta. Naquele ano, os militantes da “terceira via”, expressão tradicionalmente difundida em nosso meio, se deram conta de que Santa Cruz estava longe de aceitar a idéia de uma terceira opção.Com as eleições de 2000, sabendo da impossibilidade de ser eleito por uma terceira via, o Professor Afrânio compôs com a chapa da Oposição, liderada pelo então candidato a prefeito e hoje prefeito José Augusto Maia. A coligação do PT com o PSB em nossa terra não foi aleatória nem apressada. Aconteceram muitas reuniões, muitos compromissos foram assumidos, muitas promessas foram feitas levando a crer que o grupo taboquinha fosse diferente do grupo boca preta significando a mudança que o Professor Afrânio e seus simpatizantes tanto almejavam. É claro, no entanto, que o PT em Santa Cruz sabia que o partido denominado taboquinha não trazia em seu bojo os ideais petistas, mas pelo menos se acreditava que se aproximasse. Puro engano. Ao assumir o cargo de prefeito em janeiro de 2001, José Augusto se posicionou de forma “contrária” aos compromissos assumidos com o PT e frustrou os sonhos dos petistas, ainda mais de Afrânio que se elegera vereador, ocasionando um grande mal-estar entre o vereador petista e os simpatizantes do grupo taboquinha!Em fins de 2002, a eleição da presidência da câmara municipal seria a cartada final do magrelo em contraposição à figura do prefeito em quem tanto teria acreditado em dois anos anteriores. A situação era tal que Afrânio queria compor com a situação sendo ele presidente e os demais membros da mesa diretora da casa escolhidos dentre vereadores aliados ao prefeito. José Augusto não quis. Talvez pensando que o Professor fosse ceder às pressões dos partidários ou talvez pensando que Zilda Moraes fosse menos “perigosa” à suas pretensões. Fico com a segunda opção, embora Zilda fosse ferrenha opositora do prefeito, este sabia os vetos de Zilda seriam facilmente “justificados” pelo grupo de situação, sob a alegação de que Zilda seria da Oposição e que só queria o “mal” de Santa Cruz. Em relação a Afrânio não. Qualquer eleitor, por mais “alienado” que fosse, não colocaria na cabeça o pensamento de que Afrânio poderia significar a figura do contra, pois Afrânio tinha sido eleito no palanque do prefeito e não pertencia à Oposição naqueles anos.Em 2004, já não se acreditava mais que o grupo taboquinha representava a mudança. O PT havia constatado que o que aconteceu foi a troca de seis por meia-dúzia. Afrânio não poderia jamais compor de novo com o mesmo grupo que havia quebrado os compromissos e que em vez de representar a mudança almejada pelo PT não representava nem mudança nem tampouco se aproximava dos ideais da esquerda. Afrânio voltou a se candidatar fora dos dois grupos. Entretanto, a imaturidade política do povo desta terra, ainda apegados ao partidarismo fanático, frustrou as expectativas do magrelo que não conseguiu se reeleger vereador. Claramente se notou que Santa Cruz ainda não amadureceu politicamente e que lutar por uma terceira via, no momento, é tarefa vã, sem resultado. Afrânio, então, aliou-se á Oposição e candidatou-se, no último pleito, onde por média, elegeu-se vereador. O mais interessante é que, mesmo se candidatando por um dos grupos tradicionais, Afrânio não perdeu suas características e, embora seja o vilão para as pessoas que o chamaram de traidor quando ele “traiu” um grupo de pessoas, isto é, um partido político, é visto como o representante das pessoas que querem um parlamentar consciente da sua função e sabem que o importante não é ser fiel a um grupo, mas agir sem paixão político-partidária e se posicionar de forma ativa e responsável defendendo os interesses da população como um todo. Antagonismo flagrante: o vereador que é visto como um “traidor” para as pessoas que põem os interesses de um grupo político acima dos interesses do povo é tido como um vereador de confiança entre aqueles que colocam a moralidade e o interesse público muito acima dos caprichos de um certo grupo.Não pensem os partidários nem de um lado nem de outro que Afrânio vai representar os interesses de um grupo. Nada disso. O magrelo vai representar o povo e vai ser o reflexo da luz das mentes mais esclarecidas de Santa Cruz do Capibaribe que nele votaram. A larga maioria dos seus eleitores não é nem boca preta nem taboquinha, confiaram-lhe o voto justamente por ele não pertencer peremptoriamente a nenhuma das facções. Vão acusá-lo de incoerente por ter se candidatado no partido denominado boca-preta. No entanto, incoerência seria se ele se candidatasse pelo grupo taboquinha, do qual já participou e que frustrou todos os seus ideais políticos. Incoerência seria se candidatar por uma terceira via sabendo que a massacrante maioria do povo de Santa Cruz não “cresceu” o suficiente sob o ponto de vista político para elegê-lo por uma terceira opção – sua candidatura seria um aborto. Incoerência seria deixar o magrelo fora da câmara municipal o que desta vez não aconteceu. Antes mil vezes tenha sido eleito por uma das alas tradicionais, mas que esteja na câmara municipal. Assim decidiram as mentes mais esclarecidas.
Clécio Dias.Poeta, Corretor de Imóveis e Estudante de Direito

20 de dezembro de 2008

Aguinaldo Xavier diz NÃO à Manipulação de Um Poder

O histórico da nossa Câmara Municipal nos últimos dez anos tem sido motivo de vergonha tendo em vista a importância do Poder Legislativo na preservação da moral e do respeito à população. Em matéria por mim escrita há dias, narrei alguns fatos que interferiram decisivamente na escolha do Presidente da Câmara e alteraram drástica e negativamente a votação dos projetos apresentados na casa em comento. Nesse sentido, as invasões do Poder Executivo articulando sobre a maioria e a minoria de vereadores, inclusive alterando a escolha soberana do povo, tornaram-se constantes, principalmente quando a eleição da Presidência da Câmara se aproxima.
Esperava-se que acontecesse de novo nos últimos dias, mas a história desta vez não se repetiu. É claro que, todas as possibilidades foram estudadas. Quem vem? Como vêm? Será que vêm? Ora, a alternativa seria que os vereadores atuais alterassem decisivamente na forma de eleição para Presidente da Câmara futura, ou seja, o projeto que garantiria a reeleição para o vereador Fernando Aragão iria ser aprovado agora, antes da posse dos dez eleitos e, diante disso, haveria uma mudança considerável na eleição interna da Câmara que se adaptaria aos caprichos do Poder Executivo. Tamanha invasão e tamanha agressão à escolha do povo. Ora, o Executivo Municipal ainda não se deu conta de que a Câmara representa um Poder autônomo, independente, supremo em suas decisões e, embora tenha sofrido muitas interferências nos últimos dez anos, a função da Câmara não é nem nunca foi ser objeto do Poder Executivo ou de qualquer outro poder constituído, mas ser representante legítimo do povo.
Ter a Presidência da Câmara a seu inteiro dispor era o maior interesse dos que ocupam e ocuparão a chefia do Poder Executivo. Isto é, a cultura de que a Câmara de Santa Cruz é esse órgão que renuncia à sua autonomia e se adapta facilmente aos anseios do chefe do Executivo ainda está em voga e a prova foi esse sutil projeto que nada mais era do que uma forma de “programar” o cargo de Presidente da Câmara por mais quatro anos para um vereador pré-determinado impedindo a participação da Oposição de forma muito mais forte nos dois últimos anos da gestão com a provável eleição de Francisquinho. Como se o Poder Legislativo tivesse de ser mudado, alterado e adaptado ao Poder Executivo que, como vem acontecendo, por todos esses anos vem “participando” nos bastidores e conseguindo seus “objetivos”.
Ao votar contra o tal projeto o vereador Agnaldo respaldou uma maior autonomia à Câmara de Vereadores. O ilustre edil preservou a oportunidade de a Oposição ter seu espaço merecido à frente daquela casa com o vereador Francisquinho e evitou que as pessoas mais conscientes, aquelas que sabem o que o Poder Legislativo significa para uma gestão pública de verdade, não morressem de vergonha de novo como em vezes anteriores em que os cidadãos assistiram a comédias ridículas que mancharam a verdadeira face do que representa um Poder Legislativo. Apesar de muitos questionarem o voto de Agnaldo como sendo por problemas pessoais com o atual prefeito, não cabe a nós questioná-lo, pois se realmente foi isso a mola propulsora do voto de Agnaldo pode ter sido manobra de Deus para que a maioria da população fosse atendida e o Poder Legislativo ganhasse forças para fiscalizar os milhões que entram e saem da prefeitura mensalmente.
De tudo o mais importante: a esperança de que o Poder Legislativo de Santa Cruz do Capibaribe alcance o respaldo perdido em conseqüência dos eventos de última hora que mudaram a escolha do povo por várias vezes e fizeram muitos pensar que uma Câmara de Vereadores é um instrumento nas mãos do chefe do Executivo. Para muitos, os vereadores devem ser empregados e subordinados ao prefeito, aos secretários, às empreiteiras, etc. mas isso é a maior imbecilidade que pode existir. Agnaldo Xavier não “obedeceu” ao prefeito ou a quem quer que seja, mas votou independente e de forma clara, expressando sua vontade desde os primeiros momentos que os comentários do projeto correram pela cidade. Pode ser até que alguém se sentiu derrotado nessa história, talvez um homem que nunca aceita perder tenha se descontentado, mas venceu o Poder Legislativo, inclusive os vereadores que votaram a favor do projeto pensem que perderam, mas se enganam. Eles não sabem que a “honra” do Poder Legislativo é o reflexo de suas próprias honras. Por fim, o espaço que a oposição venha a ganhar nos dois últimos anos da próxima gestão, com Francisquinho ocupando o cargo de presidente da Casa Jose Vieira de Araújo, será uma prova cabal de exercício da Democracia e não importa se um ou dois homens do poder vão perder o que importa é que toda a população vai ganhar, inclusive muitas pessoas que pensam que perderam.

Clécio Dias
Poeta, Corretor de Imóveis e Estudante de Direito.

Diario da Sulanca

A imprensa ganhou
Com a sua chegada
Quem lê nunca deixa
De ler novamente...

Emanoel Glicério
Reveste as notícias
De imparcialidade
E de muito respeito
Assim desse jeito
Quem lê se interessa
Jornalismo sério
Emanoel Glicério
Chegou onde muitos
Nem perto chegaram!

Eu vejo de cara
A Democracia
O espaço às pessoas
Já é garantido
Eu tenho entendido
Que o nome Sulanca...
É nosso, é tão nosso...
E o Diário é da gente!

Diário e Sulanca
São interligados
Emanoel soube
Uni-los e pô-los....
No meio da gente...
No meio do povo!!!

Por isso os acessos
São tantos, são tantos...
São muitos, são muitos...
A gente do povo...
Consegue entender
E acessa de graça!
Diário e Sulanca
No meio do povo...
No miolo podre
Da nossa política...

A “crítica” critica
No entanto, quem nega...
Que a Democracia
Circula no blog
Do Mané do Blog
No blog da gente...
Que põe, põe o dedo
No miolo podre...
Da nossa política

Natal, Ano Novo...
Assuntos novatos
Fuxicos, boatos...
Conversas, verdades...
Porém novidades
Queremos no blog
Do Mané do Blog
Do blog da gente!
Do blog que hoje
É a cara da gente!

Clécio Dias – Poeta!

13 de outubro de 2008

O Menino Veloz!!!


Poema em homenagem a Bruno Rafael – o maior piloto MotoCross da história de Santa Cruz do Capibaribe. Foi escrito em 09 de janeiro de 2006, assim que ele faleceu durante um treinamento numa pista de corrida!!!

Veloz, bem mais veloz que próprio vento...
Correu, voou, venceu, ultrapassou
Ultrapassou, voou, viveu, venceu...

Uniu velocidade e perfeição
Com tanta agilidade e rapidez.
Fez artes, se tornou um campeão
Nas pistas MotoCross de tudo fez!

Nas pistas de corrida... sua vida
Brilhou quando criança em Bicicross!
Depois, a moto paixão preferida
De Bruno o campeão do MotoCross!
Nos ares cada vôo deslumbrante
Fazia do menino o mais veloz

Os prêmios conquistados, a humildade...
Fizeram do menino-campeão...
Um campeão de sonhos e amizades...
De um povo a alegria e vibração!!!

Mas num final de tarde numa moto
O mesmo que brilhava e que vibrava...
O mesmo que chegava com troféus
Trazendo mais vitórias...
Não chegava...

Partiu o campeão... partiu sozinho...
Dos palcos das vitórias... MotoCross!!!
Veloz, venceu, voou, viveu vencendo...
No pouco tempo que esteve entre nós!]

Viveu, venceu e agora é a saudade,
Que vai viver na pista em que correu
Aquele que venceu com maestria...
Nos dezessete anos que viveu!!!


8 de outubro de 2008

Risos!!!


Risos falsos, talvez
Risos descalços
Às vezes, sem nenhum motivo
Riso morto, não sei...
Sorriso vivo!
Vivo de quê?
Vivo pra quê?
Sorrisos...

Riso que vem e vai
E eu não percebo
Riso aberto, fechado?
Eu não entendo...

Máscaras, disfarces
São sorrisos

Risos que vêm e vão
E eu nem percebo!

Se eu tivesse o sorriso como o seu


Se eu tivesse um sorriso como o seu
Minha vida seria colorida
Como as luzes do sol amanhecendo
Tão brilhante seria minha vida!

Se eu pudesse eu vivia sua estrada
Entre tudo o que lhe aconteceu
Eu seria um poeta iluminado
Se tivesse um sorriso como o seu!